quinta-feira, 17 de outubro de 2019

8-FALSAS MUSAS

8-FALSAS MUSAS

Quando o teatro cair
Não adianta reclamar
Quem não foi conferir
Mentiu sobre amar

Vendeu o leito do rio
Desmatou pra acabar
À minha terra feriu
A guerra encerra o cantar

A serra segue febril
A desertificar 
Pacoti desistiu
De se levantar

É tão fácil seguir
E difícil lutar
Construção civil
Está acima do lar

Quem foi que viu
Alguém gritar
Contra o fuzil?
A forca está no ar

À força vem dominar
Dogmas do poder
Feia fera
A ladrar

Preferem se render
À prosperar
Promessas a escorrer
Pretensão de driblar

"Inverdades" gasguitas
Amargura à gralhar
Inquisição do sertão
Do Inferno ao mar

Pinta de verde o peão
Com jargão a jogar
Enquanto o escorpião
Cresce sempre a calar

"Aprenderam da língua
A se alimentar"
Quando faltar o pão
Quem irá comprar?

A urna arde na mão
Urram no pátio a pastar
Quando a provocação
Por droga assaltar

A educação
Já cansou de sangrar
Embebida em ilusão
Dialética

Fagulha em fricção
Poética
Alerta no coração
Não há ética

Tudo é decifração
Cibernética
Fragmentação
Fração estética

Cifra, selva, cifrão
Prova tática
E uma população
Estática

Triste botão d'aporética
Na programática
Não importam onde estão
Os erros de gramática

A grana mora na lama
Jogada da dama
Pó em grama
Grades de porcelana

Tudo em tempo
Sem alento
Atento
Tanto quanto Alencar

Elenco torto
Já bem morto
A murta muda
Emudece a elencar

Entre crivos e arquivos esquecidos
Falsos museus
São as musas
No altar

Quem tem os seus 
Não teme adeus
E jura para um deus
Que nunca esteve lá

Ateu Poeta
16/02/2017

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