44-SOLDADO DE SAIGON
Eu fui soldado na guerra
O mundo é de quem erra
E não de quem faz
Você apareceu do meu lado
Como um anjo calado
Que me transmitia paz
A vida pode ser um sonho bom
Ninguém precisa de batalha
Pra estender a mortalha
Em Biquine de burbom
A despeito de Saigon
Só quero beijo e batom
Sei que mesmo desarmado
Tudo será alterado
Se cantarmos noutro tom
Poeta também fica cansado
Neste mundo endiabrado
Escrever não é dom
O frio verde da serra
Sob o vermelho Sol
Banha o céu de arrebol
Pra cada pássaro afinar
Eu quero muito mais
É me perder pelo ar
Quem não tem esperança
Não aprendeu a entrar na dança
Daqui a pouco é aqui jaz
Entender que tudo balança
Não faz a balança
Deixar de pender
Não devemos parar
Nunca de aprender
Pois viemos pra lutar
E não para sofrer
Morrer é só parte da vida
Nem a arte dá guarida
É doloroso perder
Cada lágrima
Aquece uma ferida
A passagem é só de ida
O trem não para
De correr
A caverna escurece e se ilumina
Há tesouro na mina
Abaixo da paisagem
O rito da sacanagem
Cerebral lavagem
A missão é sobreviver
Ateu Poeta
29/10/2017
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